segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Glenclosismo

      

O curioso (a) pergunta:

- Não entendo! Você que é tão bonita (o), inteligente, independente, doce e atraente, porque perde a razão, se comporta de forma doentia, chega ao descontrole e persegue a quem diz amar, criatura?

Possessiva (o) responde:

- Não sei bem o que acontece. Só sei que perco o controle. A impulsividade toma conta de mim. Explodo! Raiva, fúria, ira tomam o meu coração naquele momento. Não acredito nas coisas que ele (a) me diz e aí quando percebo já estou olhando todos os seus bolsos, carteira, cheirando suas roupas, olhando o celular, em busca de qualquer comprovação para as minhas suspeitas. Suspeitas essas que não são viagens da minha cabeça, eu tenho motivos sabia?! Ninguém é santo!
Às vezes tenho fantasias de que ele (a) irá me deixar. Quando ele (a) vai para o futebol, bebe com os amigos ou faz qualquer atividade sem mim, imagino várias cenas, nas quais ele (a) conhece outra pessoa, se apaixona por ela e me abandona. Não posso permitir que isto aconteça! Sempre brigamos por conta disso. Ele (a) me chama de paranóica, maluca e fica puto (a) da vida! Muito estranho, se não tivesse “culpa no cartório” não sei se ficaria tão alterado (a) assim.
Semana passada, fiquei sozinha, ele (a) teve que viajar, segundo ele (a), a trabalho. Ahan sei!  Me traiu, tenho certeza! Não vou sossegar enquanto não descobrir tudo o que ele (a) fez lá. Ciúmes? Claro que não! Pirou? Não sinto ciúmes. Eu me preocupo com ele (a) porque o amo, mas amo tanto, tanto, mais do que a mim mesma.
Preciso dele (a), é meu (minha), é tudo o que eu tenho, não sei como posso continuar vivendo sem sua presença. Sinto-me insegura ao falar sobre isso.

Este diálogo foi apenas para exemplificar os pensamentos que geralmente podem percorrer a mente de uma pessoa possessiva.
Acredito que a maioria de nós, tem possessividade em algum nível. O problema é quando a intensidade se aproxima da patologia.
Os chamados “doentes de amor” são aqueles que precisam “ter o controle para controlarem a própria insegurança”. Obsessivos pelo parceiro (a) e por tudo o que o (a) rodeia, abrem mão de sua individualidade, abandonam os seus afazeres e compromissos. A preocupação excessiva com o outro é a característica central. O glenclosismo suga a energia e a vitalidade do outro.

“Atração Fatal”, um filme mega conhecido, que causou polêmica nos anos 80, trata justamente da possessividade doentia, onde Dan Gallagher (Michael Douglas, que já adora fazer um filminho com cenas de sexo) é visto como objeto por Alex Forrest (Glenn Close, que já tem uma carinha de “dodói”). Para ele, um caso com o fim agendado, para ela, muito mais do que isso. Alex não suporta a sensação de abandono, a frustração se torna muito grande e a perseguição e a automutilação implacáveis.

Liberdade, individualidade e confiança numa relação possessiva? Há há, aproveita que você está sonhando e pede um pônei! Experimenta fazer algo que não inclua a pessoa para você ver o que é “bom pra tosse”. Ter contato físico de amor e carinho com outras pessoas que você adora e que são bem intencionadas? Tá doido?! Você não tem amor à vida não?!

Mas sabe, ao mesmo tempo, não acho legal condenar a possessividade alheia, sem ao menos tentar entender, nem que seja um pouquinho, o sofrimento pelo qual eles também passam. A vida é uma montanha russa, com altos e baixos, a auto-estima é baixa, o amor próprio nem se fala, a agressividade surge em rompantes de ódio.

Todo ser humano, possessivo ou não, quando se encontra em condições emocionais difíceis ou perturbadoras, merece compreensão e ajuda de quem o quer bem e acredita que ele tem capacidade para construir relações saudáveis, estáveis e de respeito.


DICAS:

Filmes: :  1) "Atração Fatal" (Reparem que conforme a frustração e a dor da personagem aumentam, as cores das roupas que no início do filme eram brancas mudam para o preto).
2) “Dom” com Maria Fernando Cândido, Marcos Palmeira e Bruno Garcia.



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