quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Culpa é do Murphy!


Lei de Murphy maldita! Odeio você!
Só atrapalha minha vida. Desgasta o meu bom humor. Desperta a ira que há em mim!
Saio de casa, tenho compromisso com hora marcada. Desço, fico presa no elevador, mofo (zzzzzz), espero, me tiram de lá, entro no táxi, quando vou dizer o endereço do lugar, cadê o papel com ele escrito? Ah sim, caiu no raio do elevador!
- Mocinho, por favor, me espera aí, preciso voltar para pegar o endereço. Quando chego em casa....cadê o meu celular???  Ah sim, caiu dentro do táxi!
Desço já cansada, devido ao calor infernal, sem vontade de sair mais, querendo um colinho de mãe, pai ou de namorado, penso nisso e me decido:
- Mocinho (taxista), desculpa, mas não precisa mais me esperar, sabe o que é? Quando o dia já começa assim, totalmente a La Murphy é melhor desmarcar todos os compromissos e ficar em casa, por precaução, para evitar um infarto!
Volto para casa again, ninguém na portaria, o porteiro tomou chá de sumiço. Demoro mil anos para finalmente achar a chave na bolsa (Já viu bolsa de mulher? Carregamos quase a casa toda nela!), na hora de enfiar a danadinha na fechadura, vem ele, o salvador galopante, de uniforme preto e branco, achando que veio me resgatar todo sorridente. FDP! Eu sou independente, tenho minha própria chave! Não! Vai embora! Porque chegou na hora que não queria mais?! Ah já sei! Para debochar da paciência da pessoa! Ele é cúmplice do Murphy, tenho certeza! Eu devo ter jogado pedra mesmo na cruz e cuspido no Buda, só pode!
Já em casa pela milionésima vez, após todo o estresse estressante, o telefone toca. Ah sim! É a moça do tal “compromisso com hora marcada”, querendo marcar para outro dia! Respiro fundo! Aquela respirada gestáltica bem profunda! Começo a contar carneirinhos!
- Calma relaxa! Não vale a pena! - Diz a criança interna que existe dentro de mim!
- É, você está certa! Vou fazer um chazinho de camomila.
Hoje mesmo, mais tarde, já com as sandálias da humildade nos pés e sem o pecado da ira, resolvi pesquisar sobre o Murphy, li uma das 100 “melhores” frases de sua lei que me chamou atenção:
“Errar é humano. Perdoar não é a política da empresa”.
Peraí! Como assim?! Pensei. Não sou perfeita eu hein, a “política da minha empresa” está rígida demais! E se a empresa é minha, posso mudar as regras e adequá-las conforme o meu jeito. Fazer leis mais maleáveis, mais ergonômicas, menos perfeccionistas.
O controle e a necessidade de controlar não sabem o que fazer com os imprevistos. A Lei de Murphy, na verdade, está dentro de cada um de nós, ao perdemos o controle sobre determinadas situações. Ela se sobressai através da raiva e da frustração, e se consolida com o nosso próprio pessimismo.
Cada vez mais me dou conta de que a vida, com os seus caminhos tortos, com curvas e “paradinhas para abastecer na estrada” é livre de monotonia por ser justamente dessa forma, pois experimentamos de tudo um pouco, a partir de circunstâncias diversificadas.
Que chato seria se pudéssemos exercer o controle sobre absolutamente tudo! O bacana é tentarmos (algumas vezes é difícil, eu sei) ver o lado positivo do imprevisto. Desse modo, abrimos espaço para o retorno do humor e daquela sensação relax de paz. E a culpa por não sermos seres perfeitos, bem essa a gente manda para a 4ª dimensão.
Os imprevistos acrescentam aprendizados interessantes em nossas vidinhas organizadas!
PS: Tadinho do porteiro, ele só estava querendo ser solícito e prestativo!
Beijos com sabor de vida! Até a próxima!

2 comentários:

  1. Meu pai costumava dizer que "entre mortos e feridos salvaram-se todos". Se a gente para pra pensar, parece que é isso mesmo.

    A vida seria muito chata se não tivesse suas frustrações, seus dias onde a Lei de Murphy - esse cara deveria ser muito azarado pra codificar as leis que ele codificou... - impera.

    Na Noruega as pessoas se matam porque nao tem problemas!

    Depois de trilhar um pouco a estrada dessa vida, um passo de cada vez, aprendi que mesmo nas piores adversidades há uma boa lição a ser aprendida. Aprendi que a gente só caí, rala o joelho, pra poder entender melhor como é se levantar e ver a ferida fechar.

    É por isso que concordo com Sartre, quando ele diz que não importa o que os outros - o porteiro, o taxista, o "compromisso com hora marcada" - façam conosco; o que importa é o que nós fazemos daquilo que os outros fazem de nós. ^^

    Adorei o texto! Não tive como não comentar, rs.

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  2. Obrigada pelo comentário! Muito bom, adorei! Que bom que curtiu! :)

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