Um belo dia acordamos e percebemos que o Papai Noel não existe; a Terra do Nunca é fruto da imaginação, por isso o Peter Pan nunca envelhece; O New Kids on the Block acabou; A Madonna não usa mais meia arrastão; E aquele priminho que trocamos as fraldas, fizemos cócegas ou pegamos no colo agora tem dois metros de altura e a voz tão grossa que nos assusta.
Não querendo fazer uso de clichês, mas já fazendo...o tempo voa, a vida passa numa velocidade cruel, tudo passa, até uva passa, menos para a Dory desmemoriada que continua até hoje procurando Nemo coitada!
Desde pequenos somos cobrados a respeito do que seremos quando crescermos! Na adolescência somos obrigados a decidir a profissão que seguiremos pelo resto de nossas vidas. Com ou sem maturidade suficiente a escolha precisa ser feita o mais depressa possível. Deram-nos um dia a notícia “você não é mais criança! Já é um adulto!”, mas esqueceram de nos deixar um manualzinho básico sobre como proceder!
Nemo devido a super-proteção do pai resolve fugir, explorar, ampliar o seu mundo, ir atrás da sonhada liberdade, tentando provar que podia se virar sozinho. O peixinho se aventura em mar aberto. Se arrisca pelo oceano, apesar dos perigos, em busca de independência e de novas experiências, aprendendo com os próprios erros.
Assim como aconteceu com o Nemo, é claro que chega um momento em que sentimos necessidade de nos apropriarmos de nossas vidas, ou seja, desejamos a independência, porque com ela a liberdade de ir e vir vem junto, o problema é que ao percebermos que junto dessa liberdade outras coisitas mais também estão dentro do pacote, o medo de crescer e de se tornar adulto pode surgir.
O fim da fantasia, a responsabilidade e a pressão que há em cima de nós para passarmos uma imagem de “pessoas plenas e fortes” para mascarar qualquer insegurança e fraqueza, ter que arcar com as conseqüências dos próprios atos, resolver problemas e fazer uma série de escolhas por conta própria...tudo isso não nos deixa nunca mais, isso é um fato. A questão é: Como podemos descobrir a melhor maneira, a forma mais confortável e saudável possível para lidarmos com os conflitos internos em nossas vidas?
Muitas vezes ao nos tornarmos adultos na marra, não sabemos como agir, por não termos mesmo muita idéia de “como deve” ser uma pessoa adulta. O que é isso? Como um adulto age? O que ele geralmente faz? O que ele “precisa” fazer para mostrar para os outros que agora é um adulto? Qual é a postura que ele “deve” ter?
São tantos “deverias” que não há ser humano que consiga relaxar no meio desse turbilhão de cobranças. Vivemos em um mundo onde sempre “devemos” fazer alguma coisa. A gente sempre “deve” fazer algo, porque nos ditaram o “jeito certo” de fazer. Portanto, agimos como adultos baseados em introjeções de como achamos que “deve” ser um adulto, em crenças, no modo como fomos criados pelos nossos pais ou por responsáveis e nos valores que nos foram passados, e por isso é difícil atender as nossas reais necessidades, desejos, gostos e preferências.
Durante a busca pela melhor forma de ser adulto, geralmente, caminhamos de um extremo para o outro, isto é, deixamos o lado infantil e brincalhão de lado e nos concentramos na tarefa de sermos responsáveis, queremos mostrar serviço, alcançar metas e objetivos, logo, temos vergonha de demonstrar por aí emoções. Chorar nem pensar, isso não fará de ninguém um adulto! Presos em nossa rigidez, esquecemos que além de adulto, somos seres humanos com sensibilidade, pessoas que um dia já foram crianças e que apesar de termos tantas responsabilidades não precisamos ser “8 OU 80”, não precisamos abrir mão do humor, da risada, da irreverência, do brincar, da descontração, do prazer, da diversão, das fantasias, e principalmente, da espontaneidade.
Brincar torna a vida mais leve! O palhaço é o único do circo que não tem medo de errar, enquanto os outros personagens precisam mostrar o tal serviço e fazer bonito frente à platéia. O adulto pode fazer bonito, sem perder a leveza e o sorriso, sem permitir que seus sentimentos congelem. O equilíbrio entre a fantasia e a realidade é fundamental. A realidade é importante, para manter os pés no chão nos momentos adequados, entretanto, a fantasia não precisa sumir de nossas vidas, pois ela é justamente um dos nossos suportes para enfrentar as dificuldades de uma vida adulta.
Que tal fazer uma guerra de travesseiros com alguém que seja querido por você?
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