segunda-feira, 25 de abril de 2011

Insolúvel

Não sei o que sinto...
Vontade de ver
Saudades de eu e você
Angústia pela ausência
Ansiedade pelo devir
Paixão com nó e sem dó
Alívio por não estar só
Mescla de sentidos
Loucura iminente
Que leva pra frente
Pro tempo presente
E a vida antes oca
É apreciada intensamente

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brincando de Ser Gente Grande

  

Um belo dia acordamos e percebemos que o Papai Noel não existe; a Terra do Nunca é fruto da imaginação, por isso o Peter Pan nunca envelhece; O New Kids on the Block acabou; A Madonna não usa mais meia arrastão; E aquele priminho que trocamos as fraldas, fizemos cócegas ou pegamos no colo agora tem dois metros de altura e a voz tão grossa que nos assusta.
Não querendo fazer uso de clichês, mas já fazendo...o tempo voa, a vida passa numa velocidade cruel, tudo passa, até uva passa, menos para a Dory desmemoriada que continua até hoje procurando Nemo coitada!
Desde pequenos somos cobrados a respeito do que seremos quando crescermos! Na adolescência somos obrigados a decidir a profissão que seguiremos pelo resto de nossas vidas. Com ou sem maturidade suficiente a escolha precisa ser feita o mais depressa possível. Deram-nos um dia a notícia “você não é mais criança! Já é um adulto!”, mas esqueceram de nos deixar um manualzinho básico sobre como proceder!
Nemo devido a super-proteção do pai resolve fugir, explorar, ampliar o seu mundo, ir atrás da sonhada liberdade, tentando provar que podia se virar sozinho. O peixinho se aventura em mar aberto. Se arrisca pelo oceano, apesar dos perigos, em busca de independência e de novas experiências, aprendendo com os próprios erros.
Assim como aconteceu com o Nemo, é claro que chega um momento em que sentimos necessidade de nos apropriarmos de nossas vidas, ou seja, desejamos a independência, porque com ela a liberdade de ir e vir vem junto, o problema é que ao percebermos que junto dessa liberdade outras coisitas mais também estão dentro do pacote, o medo de crescer e de se tornar adulto pode surgir.
O fim da fantasia, a responsabilidade e a pressão que há em cima de nós para passarmos uma imagem de “pessoas plenas e fortes” para mascarar qualquer insegurança e fraqueza, ter que arcar com as conseqüências dos próprios atos, resolver problemas e fazer uma série de escolhas por conta própria...tudo isso não nos deixa nunca mais, isso é um fato. A questão é: Como podemos descobrir a melhor maneira, a forma mais confortável e saudável possível para lidarmos com os conflitos internos em nossas vidas?
Muitas vezes ao nos tornarmos adultos na marra, não sabemos como agir, por não termos mesmo muita idéia de “como deve” ser uma pessoa adulta. O que é isso? Como um adulto age? O que ele geralmente faz? O que ele “precisa” fazer para mostrar para os outros que agora é um adulto? Qual é a postura que ele “deve” ter?
São tantos “deverias” que não há ser humano que consiga relaxar no meio desse turbilhão de cobranças. Vivemos em um mundo onde sempre “devemos” fazer alguma coisa. A gente sempre “deve” fazer algo, porque nos ditaram o “jeito certo” de fazer. Portanto, agimos como adultos baseados em introjeções de como achamos que “deve” ser um adulto, em crenças, no modo como fomos criados pelos nossos pais ou por responsáveis e nos valores que nos foram passados, e por isso é difícil atender as nossas reais necessidades, desejos, gostos e preferências.
Durante a busca pela melhor forma de ser adulto, geralmente, caminhamos de um extremo para o outro, isto é, deixamos o lado infantil e brincalhão de lado e nos concentramos na tarefa de sermos responsáveis, queremos mostrar serviço, alcançar metas e objetivos, logo, temos vergonha de demonstrar por aí emoções. Chorar nem pensar, isso não fará de ninguém um adulto! Presos em nossa rigidez, esquecemos que além de adulto, somos seres humanos com sensibilidade, pessoas que um dia já foram crianças e que apesar de termos tantas responsabilidades não precisamos ser “8 OU 80”, não precisamos abrir mão do humor, da risada, da irreverência, do brincar, da descontração, do prazer, da diversão, das fantasias, e principalmente, da espontaneidade.
Brincar torna a vida mais leve! O palhaço é o único do circo que não tem medo de errar, enquanto os outros personagens precisam mostrar o tal serviço e fazer bonito frente à platéia. O adulto pode fazer bonito, sem perder a leveza e o sorriso, sem permitir que seus sentimentos congelem. O equilíbrio entre a fantasia e a realidade é fundamental. A realidade é importante, para manter os pés no chão nos momentos adequados, entretanto, a fantasia não precisa sumir de nossas vidas, pois ela é justamente um dos nossos suportes para enfrentar as dificuldades de uma vida adulta.
Que tal fazer uma guerra de travesseiros com alguém que seja querido por você?


terça-feira, 19 de abril de 2011

Abaixo as Frutas e Devolvam o Creme Brûlée



Aonde foram parar os elogios elogiosos? Algo mudou. Antes via as mulheres serem chamadas de bonita, linda, princesa (esse faz uma linha Wando eu sei, mas era passável) e uma gostosa de vez em quando, até que cabia dentro de um padrão de normalidade.
Hoje o que ouço é preparada, purpurinada, potranca, popozuda, cachorra, fora quando não aparece um tigrão te nomeando de tchutchuca querendo que você vá até ele, entre outros adjetivos que prefiro nem comentar. “Tá dominado! Tá tudo dominado! Tá ligado?!”. A moda agora é ser fruta! Melão, melancia, moranguinho, jaca...e quando a mulher engorda ou envelhece vira o que? Um maracujá-azedo e murcho, uma uva-passa?!
Na “curtura” do nosso país há muitas frutas para poucas flores, gentilezas, amor, romantismo, poesia, sutileza, compaixão, elegância, apreciação dos detalhes, do belo, dos gestos mais simples, inocentes, humildes e verdadeiros. A saudade bate forte na porta trazendo um punhado de lembranças. Que saudade de coisas à moda antiga! De piquenique, algodão doce, luz de velas, rosas vermelhas, beijinho na mão, dançar coladinho, caminhar de mãos dadas em lugares especiais em contato com a natureza, chá com biscoitos naquela xícara clássica da vovó, livro velho com flores fazendo o papel de marcadores de todas as cores, filmes antigos, banho de chuva a dois sem a preocupação de se molhar ou sair correndo, cheirinho de tinta fresca no papel recém saído da máquina de escrever, a porta do carro sendo aberta por alguém especial, com um sorriso terno e agradável nos lábios, pérolas e poás, cartas escritas com letra de gente e não com letra de robô. 
O romantismo não está resumido e delimitado apenas na relação entre duas pessoas. É uma forma de agir, uma atitude perante a vida, um modo de se comportar e de interpretar a realidade. Um romântico, independente do tempo na história, do mundo moderno que vivemos e de toda a tecnologia que usufruímos com muito prazer, sonha, se encanta, tem capacidade de admirar várias vezes as mesmas coisas, não segue afirmações absolutas, pensa, reflete, questiona, se emociona diante das situações e pessoas. Não tem sentimentos de inadequação por ter gestos sensíveis numa sociedade, onde geralmente o antigo nem sempre é visto com bons olhos! (a não ser no mundo da Moda com as presenças do retrô e do vintage, o retorno do xadrez, das flores nas roupas e nos cabelos).
Hoje a modernidade e os seus recursos são praticamente condições sine qua non para a sobrevivência, entretanto, cabe a mim, a você e a qualquer um que esteja interessado em recuperar a magia adormecida em si mesmo, ser um artista do seu cotidiano, cultivar o amor por tudo de bom que nos cerca, perceber o mundo com olhar de curioso, valorizar o clássico, que ainda não está perdido e clama por um pouquinho de atenção. “Gentileza gera gentileza”. Ter força de vontade para exercitar a gentileza, faz do indivíduo um ser generoso, carismático e de repente, sem que ele perceba estará rodeado de pessoas, que vão querer ser presenteadas com o seu gesto gentil e a vida pode ter um novo sabor.  Gentileza é uma virtude e também prima do amor!
“...o mundo é uma escola. A vida é o circo. Amor palavra que liberta. Já dizia o Profeta”. (Marisa Monte)

Neve e Carvão


 
Meu lugar é imaginário
Pura abstração
Meu lugar é onde a esperança está
Onde o coração aponta a direção
Meu lugar é um vazio
Demasiadamente obscuro
Que se ilumina, brilha e reacende
Quando sonho acordada
Fantasio
Devaneio
Me entrego ao delírio da idealização
Meu lugar é tudo e é nada
Deseja encher-se de luz
O tempo todo
A todo instante
A beleza do meu lugar reside na satisfação
De tornar real aquilo que é aparentemente irrealizável

Com ou Sem Emoção?

                                 
Páginas viradas, capítulos terminados, livros perto do fim, ciclos que se fecham, dando oportunidades para que novos ciclos abram.
Portas fechando, outras abrindo...é uma das leis naturais da vida...nada perdura, nada é perene, tudo é renovado.
Nas palavras de Fernando Pessoa: “Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”.
A vida é um conjunto de ciclos, com durações variadas, de várias etapas e momentos experienciados.
Finalizar, chegar ao fim de um ciclo, algumas vezes é difícil. Sinto dó e uma dorzinha no coração, que fica apertado, entretanto, as mudanças e as transformações são necessárias, não podem parar, pois só desse modo nos tornamos seres humanos melhores. No começo, as mudanças causam calafrios, em seguida, podem fazer um bem danado para a alma. E o corpo fica muito feliz quando a alma também está. A sensação é de felicidade e entusiasmo!
Não há prazer igual ao de dar início à leitura de um livro novinho em folha. O mesmo ocorre com um novo ciclo. As mudanças trazem com elas novidades que dão empolgação e um gás maravilhoso. Novidade, por sua vez, gera disposição, motivação e energia para que as ações e os próximos planos sejam colocados em prática. O novo aguça a criatividade e a originalidade toca o céu!
Fechar as portas para o antigo, para o ontem, para o que já passou dá uma tremenda saudade e junto dela vem aquele medo do novo, de algo dar errado, mas além de não precisarmos ter que esquecer nada do que passamos (pois seguir em frente é diferente de esquecer, o que somos é fruto de todas as vivências passadas e jogar tudo isso fora seria uma tolice), somos seres curiosos. Não fomos feitos para ficar em estado de inércia. A curiosidade para saber se há alguma surpresinha “do outro lado do muro” é grande!
Temos gana de continuar nosso caminho, em busca de novos ares, novos cheiros, novos gostos, novos sons, novas pessoas e novas experiências.
Muitas coisas, pessoas, vivências, lembranças antigas permanecem, porém, nunca se apresentam para nós da mesma forma, pois estão sempre em renovação, assim como nosso olhar diante do mundo e da realidade em que vivemos está sempre se modificando e conforme atravessamos etapas, também passam por transformações.
Tentar permanecer em um ciclo prestes a ser fechado é enfraquecer a energia da alegria existente em nós. Os dias viram um grande e insuportável marasmo!
Viver a vida com aventura é aproveitar ao máximo o curso natural das mudanças (mudanças essas que possuem 50% de responsabilidade nossa para serem realizadas, sejam boas ou ruins), tirando proveito dos aspectos positivos dos ciclos vividos, e ser feliz do jeito que der, com alegria, amor e disposição! E assim seguimos o fluxo, regamos cuidadosamente o antigo, para que ele possa se transformar e semeamos o novo...
E aí eu me pergunto: Com ou sem emoção? COM EMOÇÃO! SEMPRE! O sentimento não pode parar.