quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Lírio e a Dama

                                
Na densidão dos meus ouvidos
   Ouço o silêncio da noite...
Passos
Lá vem o homem sorrindo
 Repleto de boas intenções
Inocentes em seu trajeto
Caminham o homem e seu formoso arranjo
Arranjo de laços
Inofensivo
Por sua pureza de alma e perfeição
Esbanjava doçura tal preciosidade
Era branca, alva, frágil
Causava contentamento em todos
Por onde o homem a levava
Este, no auge de sua ostentação
Resumia-se a puro orgulho e vaidade
O arranjo
Era sua dama
Honrada
Demasiadamente cortejada
Semelhante a um lírio
Um lírio branco
Em meio a um laço de sisal
Cheio de vida e primor

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Orquídeas

                                  

Embriagada pela brandura do entardecer
Sinto a brisa passar nos lábios de fel
Suscetível ao esmaecimento
Te vejo passar...
Junto à tamanha eufonia
Homérico de si mesmo
Por um instante
Encontro-me inefável
Num ato passional e ansioso
Lanço-me em seus braços
Do fel nasce o mel
Olhos de mel tornaram-se os meus
neste momento
Ser mais apaixonante...
Alcança minha essência
Aflora meus sentidos
Enriquece minha alma
Erotiza o meu corpo
Tristeza esvai-se
De repente,
Orquídeas jamais vistas
Surgem no jardim
Notáveis por sua beleza, forma e colorido
A poesia brota entre nós
E o desejo finalmente é enaltecido.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Falta de Ar!


Qual é o preço a se pagar por uma amizade? O que é amizade para você? Para mim, é uma via de mão dupla, como em toda relação. Se as duas partes não investem e não procuram manter o vínculo, não há o que ser construído. Cai fora ou morre na praia! Nadar sozinho sem nem um salva-vidas alto e belo por perto, um coletezinho ou uma bóia para contar a história pode causar frustração. Mas e quando a sua visão de amizade é uma e a do outro é completamente diferente ou contrária? E quando a outra pessoa investe toda a energia somente em você (sorry) e deposita altas expectativas em você? Eis que surge o problema.
Desde quando amizade se cobra? Desde quando é obrigação do outro suprir as necessidades alheias? Desde quando o outro é vidente para adivinhar as expectativas do (da) amigo (a) em cima dele? Desde quando ser amigo de alguém implica em permanecer ao lado dele o tempo todo, devotadamente? Desde quando um amigo verdadeiro é aquele que concorda com tudo e não alerta o outro para as cagadas que ele faz? DESDE QUANDO A NEUROSE EXISTE! (Uii Freud ficou em êxtase agora, se revirou).
Lealdade, amor, cuidado, preocupação e consideração pelo amigo é uma coisa. É algo bonito de se ver. Sufocamento e cobrança...outra história. Amizade egoísta sem um pouco de altruísmo e alteridade é um horror. Assim como, amizade baseada em carência afetiva é vampira! Suga toda a energia! Cansa. O “sugado” em questão sente cansaço, se sente mega pressionado, vontade de sair correndo na direção da placa que diz: Rua Liberdade.
O pegajoso invade a privacidade do “sufocado” (a palavra dá nervoso não dá?) não percebe que isso incomoda, pois entra em uma confluência (como dizemos na Gestalt-Terapia) que não é sadia, ou seja, a pessoa tem dificuldades (não tem consciência) para identificar onde começa e onde termina a sua fronteira e a do outro. E conflui e não vê que tenta se misturar com o outro. Ele prejudica os relacionamentos do "sufocado" com outras pessoas,   a partir do momento em que faz de tudo para minar as relações do mesmo.  Quando  o "asfixiado" parte para os outros convívios sociais que possui (quebra de contrato), o amigo ciumento se sente traído, sofre, acha que pode perder aquela amizade e em seguida faz as cobranças das tais expectativas que não foram atendidas.
O “sufocado” não dá conta de tanto peso em suas costas e tende a se afastar a fim de evitar novos possíveis conflitos estressantes. Dependendo do grau patológico do amigo possessivo, ele pode sentir raiva pelo fato do outro não ter aceitado satisfazer suas necessidades, mas esquecer o “desafeto”. Como? Procurando outra amizade para substituir o vazio e a sensação de abandono sentida na anterior OU pode infernizar a vida do ex-amigo (arquiinimigo agora) se vingando, arquitetando formas de prejudicá-lo em várias áreas da vida dele, tornando-se um glenclosista de carteirinha (lembre-se do texto sobre o Glenclosismo. Glenn Close em “Atração Fatal”).
Saudável não?! Um indivíduo assim precisa de ajuda profissional. No mundo atual precisamos tomar muito cuidado com quem nos relacionamos. Não se trata de viver a vida desconfiado do mundo inteiro, mas de usar a intuição (basta exercitá-la mais), o feeling, e as vivências de relações anteriores, que funcionam como suportes para nos orientar e dar dicas de onde estamos nos metendo. Se você inicialmente tenta ajudar, dá apoio incentivando a pessoa a procurar ajuda e a se cuidar, faz o que está ao seu alcance para que ela tome consciência do problema e mesmo assim, ela não enxerga que precisa de help, não há milagre divino que dê jeito, pois o primeiro passo para a mudança é a conscientização (do problema), o segundo é a insatisfação (se sentir incomodado com o problema ou algo em si mesmo). Talvez ela precise bater na mesma tecla e nas mesmas situações mais algumas vezes para que o insight de que algo precisa ser mudado e transformado surja.

A maioria das pessoas preocupa-se mais com a saúde física e esquece do psíquico, do mental. O que seria do físico sem o mental saudável e vice-versa? Entre eles não existe fusão, estão interligados e precisam estar de acordo, trabalhando em conjunto, equilibradamente, para que o indivíduo permaneça auto-regulado e são.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Culpa é do Murphy!


Lei de Murphy maldita! Odeio você!
Só atrapalha minha vida. Desgasta o meu bom humor. Desperta a ira que há em mim!
Saio de casa, tenho compromisso com hora marcada. Desço, fico presa no elevador, mofo (zzzzzz), espero, me tiram de lá, entro no táxi, quando vou dizer o endereço do lugar, cadê o papel com ele escrito? Ah sim, caiu no raio do elevador!
- Mocinho, por favor, me espera aí, preciso voltar para pegar o endereço. Quando chego em casa....cadê o meu celular???  Ah sim, caiu dentro do táxi!
Desço já cansada, devido ao calor infernal, sem vontade de sair mais, querendo um colinho de mãe, pai ou de namorado, penso nisso e me decido:
- Mocinho (taxista), desculpa, mas não precisa mais me esperar, sabe o que é? Quando o dia já começa assim, totalmente a La Murphy é melhor desmarcar todos os compromissos e ficar em casa, por precaução, para evitar um infarto!
Volto para casa again, ninguém na portaria, o porteiro tomou chá de sumiço. Demoro mil anos para finalmente achar a chave na bolsa (Já viu bolsa de mulher? Carregamos quase a casa toda nela!), na hora de enfiar a danadinha na fechadura, vem ele, o salvador galopante, de uniforme preto e branco, achando que veio me resgatar todo sorridente. FDP! Eu sou independente, tenho minha própria chave! Não! Vai embora! Porque chegou na hora que não queria mais?! Ah já sei! Para debochar da paciência da pessoa! Ele é cúmplice do Murphy, tenho certeza! Eu devo ter jogado pedra mesmo na cruz e cuspido no Buda, só pode!
Já em casa pela milionésima vez, após todo o estresse estressante, o telefone toca. Ah sim! É a moça do tal “compromisso com hora marcada”, querendo marcar para outro dia! Respiro fundo! Aquela respirada gestáltica bem profunda! Começo a contar carneirinhos!
- Calma relaxa! Não vale a pena! - Diz a criança interna que existe dentro de mim!
- É, você está certa! Vou fazer um chazinho de camomila.
Hoje mesmo, mais tarde, já com as sandálias da humildade nos pés e sem o pecado da ira, resolvi pesquisar sobre o Murphy, li uma das 100 “melhores” frases de sua lei que me chamou atenção:
“Errar é humano. Perdoar não é a política da empresa”.
Peraí! Como assim?! Pensei. Não sou perfeita eu hein, a “política da minha empresa” está rígida demais! E se a empresa é minha, posso mudar as regras e adequá-las conforme o meu jeito. Fazer leis mais maleáveis, mais ergonômicas, menos perfeccionistas.
O controle e a necessidade de controlar não sabem o que fazer com os imprevistos. A Lei de Murphy, na verdade, está dentro de cada um de nós, ao perdemos o controle sobre determinadas situações. Ela se sobressai através da raiva e da frustração, e se consolida com o nosso próprio pessimismo.
Cada vez mais me dou conta de que a vida, com os seus caminhos tortos, com curvas e “paradinhas para abastecer na estrada” é livre de monotonia por ser justamente dessa forma, pois experimentamos de tudo um pouco, a partir de circunstâncias diversificadas.
Que chato seria se pudéssemos exercer o controle sobre absolutamente tudo! O bacana é tentarmos (algumas vezes é difícil, eu sei) ver o lado positivo do imprevisto. Desse modo, abrimos espaço para o retorno do humor e daquela sensação relax de paz. E a culpa por não sermos seres perfeitos, bem essa a gente manda para a 4ª dimensão.
Os imprevistos acrescentam aprendizados interessantes em nossas vidinhas organizadas!
PS: Tadinho do porteiro, ele só estava querendo ser solícito e prestativo!
Beijos com sabor de vida! Até a próxima!

sábado, 27 de agosto de 2011

Narciso e o Espelho

                               
- Espelho, espelho meu...existe alguém mais preocupado (a) com a aparência do que eu?
E o espelho debochadamente e em tom sarcástico responde:
- Claro honey! Está achando que é quem? O biscoitinho mais recheado do pacote? Iguais e até mais afetados (as) que você pelo narcisismo tem aos montes! Até a Tônia Carrero já perdeu o posto para a Nicole Kidman e o Cauby Peixoto perdeu para o Mickey Rourke! E a Elza Soares...bem essa daí ainda não perdeu para ninguém! Hahahaha.
Narciso “descobriu” o espelho e acabou com a nossa vida! (e com a dele também).
O espelho às vezes é uma droga sabia?! Te faz dar valor a coisas que antes você não acreditava ou não fazia a menor questão...mas eu, você e a Hebe não resistimos e nos rendemos à cultura das aparências.
O problema da vaidade exacerbada é que ela joga o sujeito num egocentrismo brabo,  lhe tira os pés do chão e desfoca a noção de realidade, ou seja, alimenta-se uma paixão “dodói” e exagerada por si mesmo. E quando ele se frustra por não ganhar toda a admiração que imaginava, e passa por fracassos na vida, a sua energia cai, a auto-estima vai lá embaixo, ele murcha igual um balão sem ar. Fica deprimido, a sensação de vazio vem, se sente um verdadeiro lixo, e assim, desesperado procura formas e alternativas para melhorar, mas para isso recorre a meios externos para ser confirmado como pessoa e receber elogios e atenção. Um tremendo ciclo vicioso!

                             ANTES                                     DEPOIS
 A noção viajou, mandou lembranças e nunca mais voltou!


Ela faz sexo olhando para o espelho, encolhendo a barriga e não olhando nos olhos do parceiro, para ver se o corpo está legal e a performance digna de uma atriz pornô bem paga. Ele tem complexo de Johnny Bravo, vai para a academia e não consegue disfarçar a emoção de se olhar enquanto levanta peso, admirado com seus bíceps e tríceps, frutos de muitas bombas ilegais. Mas como a maioria dos Johnnys, se você olhar da cintura para baixo, oh God, cadê o bumbum? Esqueceu em casa? Sem falar das canelinhas finíssimas!
A outra por causa de uma quantidade supimpa de botox, quando fala não tem mais expressão, o rosto não move, a testa parece de cera, cara de aquário, tudo para evitar o “código de barras” (aquelas rugas em cima da boca) e a boca de palhaço (aquelas rugas em volta da boca, que aparece quando sorrimos. Sorrir para elas agora dói!). Ainda tem aquele outro do Viagra, sim, aquele que acredita que as pílulas azuis vão levá-lo ao paraíso. O fissurado a procura de menininhas que já têm um histórico de carência afetiva em relação ao pai. Ele faz de tudo para chamar a atenção delas, mostra o carro novo de garotão recém comprado, pinta o cabelo acaju, faz implante capilar com o cabeleireiro do Sílvio Santos (ele acha que ninguém desconfia que o cabelo é implantado, é o mesmo caso dos que usam peruca, doce ilusão) e alguns ainda pintam a unha à francesinha. Afinal de contas, não é fácil conservar o topetão não!
O negócio é sério. O perfeccionismo ensandecido pode nos levar para o outro lado da força! Hoje em dia o ego não pode ser atingido e tem gente por aí perdendo a linha e abusando do botox, das cirurgias, dos tratamentos, como se fossem coisas banais. Marcam uma lipo, como se tivessem reservado hora na manicure.

      Ele estrelando em "9 1/2 Semanas de Horror" e ela em "Cidade dos Botox"
            Pasmem: Michey Rourke e Meg Ryan! Me amarrota porque estou passada!


Nossa sociedade idolatra a bunda dura (termo emprestado do querido debochado Arnaldo Jabor). Quem exibir mais o corpo, tiver menos pneuzinhos, o peito mais próximo do pescoço, a barriga mais tanquinho, o braço mais musculoso, o sorriso colgate mais albino, vomitar mais após as refeições, ser mais fútil, tiver a boca maior, comprar muito ao invés de chorar por qualquer sofrimento (sim porque chorar desidrata), ter menos celulite, suar menos na hora do sexo (porque segundo o Jabor, para gente assim, fazer sexo desglamouriza!) e sorrir feito uma hiena para todos, mesmo sem ter vontade, ganha a competição! ÊÊÊÊ!!!
Tenho o meu narcisismo e não tenho vergonha de assumi-lo.
Sou vaidosa, adoro um embelezamento e o lado fútil às vezes precisa vir à tona.

                              ANTES                                     DEPOIS
   Com noção: Usa recursos a seu favor e continua lindaaa!


Se eu precisar fazer algo para me sentir melhor, faço com prazer, nada contra as pessoas que fazem lipo ou outras correções. Dou a maior força para a galera que se cuida, inclusive os homens. Acho um barato! Agora não vem com frescura né?! Não vem querer ter a sombrancelha mais bem feita que a minha, aí já é demais! Só não concordo com o exagero e a banalização, porque é justamente essa atitude que favorece o crescimento da paranóia e da obsessão do culto ao corpo. Perder a noção e ultrapassar o limite da sensatez é o que procuro evitar. Virar uma criatura irreconhecível para mim mesma frente ao espelho, com a cara esticada de aquário e com a bunda dura para virar a melancia 2: a missão? Não troco o chopinho com os meus amigos por nada!
Moral da história: Cuidado para não se apaixonar cegamente e excessivamente por si mesmo. Ter amor-próprio é diferente de só olhar para o próprio umbigo. Não deixe que a “Síndrome do Endeusamento” te domine para não acabar caindo na lagoa e se afogar, igual ao Narciso.